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Porque é que os estigmas da masturbação na adolescência determinam a vida sexual adulta?

19 Maio 2022, Satisfyer

A idade média em Portugal para iniciação ao sexo é de 16 anos e receber educação sexual nessa fase favorece uma sexualidade adulta mais saudável

Masturbação, autoconfiança ou desejo sexual são alguns dos aspetos que se recomendam abordar numa idade precoce

 

A adolescência pode ser um período difícil em muitos aspetos e a sexualidade não é exceção. Os jovens carregam frequentemente insegurança e pressão externa quando enfrentam a sua primeira relação. Consciente desta realidade, a Satisfyer, marca líder em bem-estar sexual, quis destacar algumas razões fundamentais para a importância da educação sexual.

A idade média em Portugal para a iniciação sexual é de 16 anos1 e, em geral, não é recomendável que a atividade sexual seja iniciada antes dos 15 anos, com o objetivo de garantir mais informação e uma maior maturidade emocional.

Neste contexto, Megwyn White, diretora de educação da Satisfyer e sexóloga clínica, apresenta 4 razões a ter em mente no âmbito familiar para que os adolescentes cresçam a desfrutar da sua sexualidade de uma forma saudável:

Normalizar a masturbação

A masturbação prepara o terreno para a consciência do prazer e é crucial para embarcar nas complexidades do sexo em parceria no futuro. No entanto, a maioria dos adolescentes cresce com pouca ou nenhuma informação, tanto assim que a masturbação é altamente estigmatizada na maioria das culturas, especialmente para as mulheres jovens. Precisamente este padrão pode contribuir para a falta de autoconfiança e de compreensão acerca do conceito de consentimento.

É essencial assumir que a masturbação faz parte de um desenvolvimento sexual saudável e que também é importante para desenvolver um sentido de capacidade de resposta sexual. Embora a idade média da primeira masturbação seja por volta dos 13 anos para as raparigas e de 12,4 anos para os rapazes, não existe uma idade “certa” para começar a masturbação e há casos documentados em que esta prática tem lugar ainda no útero2.

Oferecer um produto de prazer sexual pode ser uma das formas de iniciar uma conversa em torno da masturbação e mostrar uma atitude positiva em relação à auto-exploração.

Ter confiança no próprio corpo

A educação sexual dos adolescentes é também importante para fomentar uma relação de autoconfiança e segurança com os seus corpos. O despertar do sentimento de vergonha, é muitas vezes associado, incorretamente, a esta experiência e impede o desenvolver da capacidade de comunicar sexualmente o que se quer e o que não se quer desde o início da vida sexual. Também importante é a utilização de termos anatómicos corretos – tais como pénis, escroto, vagina e vulva – uma vez que estes são benéficos para o desenvolvimento precoce da confiança e autoestima. Ao utilizar este vocabulário, os jovens estão a ter uma compreensão básica das suas partes sexuais e também ajuda a munir as crianças com uma compreensão mais profunda do seu próprio corpo, o que ajuda a que estejam mais protegidas e alerta para a violência sexual3.

Educar e estimular o consentimento

Muitas pessoas lembram-se da sua primeira experiência sexual rodeadas de pressão social e não do verdadeiro desejo. É importante apoiar os jovens no desenvolvimento da atividade sexual para que sejam menos influenciados por forças externas… Contudo, esta teoria pode ser difícil de aplicar para um adolescente, especialmente se ele ou ela não tiver recebido educação sexual e não tiver explorado o seu próprio desenvolvimento sexual, o que inclui a normalização da autodescoberta e masturbação.

Para os adolescentes mais sensíveis, esta exposição precoce ao sexo pode ter um grande impacto no seu desenvolvimento emocional. Por conseguinte, é importante que, pouco a pouco, a pessoa se sinta capaz de expressar os seus próprios limites enquanto, em paralelo, recebe informação sobre infeções sexualmente transmissíveis (DSTs) e possíveis gravidezes indesejadas.

Preparando-se para começar uma vida sexual, pode ser benéfico para os jovens experimentarem primeiro o que gostam, experimentando sozinhos – ou talvez com um brinquedo sexual – e só depois o experimentem com outra pessoa. No final, o objetivo é que esteja preparado e que o desejo de ter sexo com o parceiro sexual nasça da vontade própria- e não de opiniões externas.

Procurar novos pontos de referência que não sejam a pornografia

Muitas pessoas têm o seu primeiro contacto sexual através da pornografia que é criada principalmente para homens heterossexuais. Há representações menos precisas de outras sexualidades, especialmente casais do mesmo sexo. Isto pode frequentemente levar à homofobia, que pode asfixiar o desenvolvimento sexual. Por outro lado, a exposição à pornografia pode também desempenhar um papel na facilitação da curiosidade sobre o sexo, o que pode tornar os adolescentes mais vulneráveis a situações precoces e sem consciência.

Em qualquer caso, os pais desempenham um papel muito importante no desenvolvimento sexual dos seus filhos, uma vez que são eles a influência mais próxima. No entanto, na maioria das famílias é difícil ter conversas abertas sobre sexo ou masturbação. Infelizmente, esta ambiguidade pode levar a sentimentos conflituosos e contribuir para o embaraço e ansiedade em torno do sexo. No final, a falta de modelos sexuais traduz-se num impacto negativo nos jovens, que pode ser remediado através de conversas sobre sexualidade em casa.

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[1] Estudo realizado pela equipa do projecto Aventura Social, da Faculdade de Motricidade Humana, da Universidade Técnica de Lisboa.

2 Medical study: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/3550126/

3 Article from Colorado Coalition Against Sexual Assault: https://www.ccasa.org/actual-anatomy-teaching-your-children-body-parts/

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