Para além do Comunicado de Imprensa
Recentemente lemos um relatório dos nossos colegas da Brands2Life, empresa inglesa que gere a rede de agências globais de Relações Públicas e Comunicação, da qual a Canela faz parte, que dizia que os media britânicos reduziram exponencialmente a publicação de informações relacionadas com as marcas. O relatório indica que o “número total de artigos publicados nos meios de comunicação de primeira linha, no Reino Unido, caíram 20% nos últimos cinco anos, e o número de artigos no qual as marcas ocupam um lugar de destaque, também caiu mais de um terço”.
Embora o panorama mediático espanhol seja diferente do britânico, em forma e conteúdo, na Canela pudemos analisar a realidade vivida diariamente perante o nosso trabalho como agência de comunicação. De facto, é bastante notório que as marcas necessitam de ser cada vez mais criativas para aparecerem nos meios de comunicação social de forma orgânica.
Se a imprensa já estava a sofrer com o aparecimento dos meios digitais gratuitos, nos últimos anos, com as consequências económicas derivadas da pandemia, a situação agravou-se ainda mais. Desde março de 2020 verificou-se uma queda significativa nas receitas publicitárias dos media, o que levou a cortes nas redações e até exclusões de alguns cabeçalhos. Por outro lado, alguns meios de comunicação têm vindo a apostar em conteúdos com acesso limitado, mediante pagamento, reduzindo assim o número de notícias publicadas diariamente, optando pelo “menos é mais”.
Perante este panorama, em primeiro lugar, devemos estar cientes de que os media precisam de investimento e que as estratégias de branded content são positivas tanto para o posicionamento da marca como para a sobrevivência dos media. Em segundo lugar, a realidade é que estratégias de comunicação baseadas exclusivamente no envio de comunicados de imprensa massivos já não funcionam. Com redações com menos jornalistas, mas com o mesmo nível de informação para cobrir, os media precisam de conteúdo personalizado e exclusivo. E é aí que a criatividade entra em cena. Como é que se pode destacar e oferecer aos media o que estes realmente necessitam, ao mesmo tempo que transmitimos as mensagens da marca?
Aqui estão 6 aspetos que deverão ser tidos em consideração para despertar a atenção dos media!
Comunicados de imprensa, sim, mas com dados relevantes
Quais são as questões que realmente importam para nós? Saúde mental, mudanças, bem-estar, evolução de preços, emprego futuro… Estes são apenas alguns dos hot topics que têm aparecido nos media, mas que podem desaparecer durante as próximas semanas. Para aproveitarmos o momento devemos estar muito atentos às tendências e ser ágeis, tanto quanto possível, na altura de juntar a conversa ao conteúdo que forneça dados que acrescentem valor agregado.
Aproveitar o design para “vendermos” melhor
O design é fundamental em todos os aspetos da vida e, por isso, devemos apostar nele para também chamarmos a atenção dos jornalistas. Além disso, um bom design pode explicar melhor uma realidade ao invés de apenas um simples conteúdo escrito: infografias ou gráficos com dados e comparações vão oferecer sempre um valor informativo e diferenciador, algo que os profissionais de informação procuram.
Campos exclusivos
A exclusividade é cada mais exigida pelos media. Nos EUA é costume trabalhar-se com exclusivos e está-se a verificar que é um modelo cada vez mais valorizado também em Espanha. Tendo em consideração a situação atual dos media, será melhor optar por impactos de qualidade ao invés de quantidade.
Artigos de opinião para posicionar os porta-vozes da empresa
Sem dúvida que os artigos de opinião não são para todos os tipos de media mas, dependendo do setor, podem ser muito atrativos. O importante é que o tema seja atual, que se faça uma reflexão profunda sobre o assunto e, sobretudo, que nunca, em momento algum, se fale diretamente sobre a própria empresa dentro do artigo para fins comerciais. Com estes artigos pretende-se mostrar a expertise da empresa dentro do seu setor. A tendência, neste caso, também é muito focada na exclusividade.
Deixe-os experimentar os seus produtos
Se a empresa oferece produtos ou serviços, por que não dá-los a experimentar aos jornalistas em primeira mão? Mediante um seeding program ou reviews, serão criadas reportagens exclusivas, uma vez que serão baseadas na própria experiência do jornalista, o que confere uma maior credibilidade à peça. Mais uma vez, optamos pela qualidade ao invés da quantidade.
Que se ouça a voz da marca no seu próprio podcast
Na era dos podcasts também há espaço para aqueles criados por empresas e instituições. Mahou ou Primavera Sound são algumas das marcas que criaram as suas próprias plataformas onde têm rédea solta para transmitir as suas mensagens. Trata-se de uma ferramenta para comunicar de perto e humanizar a empresa e os seus interlocutores.
Existem muitas ferramentas que promovem o aparecimento orgânico nos media, mas o que é claro é que as mais bem-sucedidas, hoje, são aquelas que combinam criatividade com personalização e exclusividade. Por que não ousar com algo mais do que apenas o envio de um comunicado de imprensa convencional?